O Temor do Sábio


Depois de uma longa espera Patrick Rothfuss não decepciona! Se em “O Nome do Vento” ele conseguiu nos cativar com sua n
arrativa original e convincente, em “O Temor do Sábio” ele vai muito além. 

A narrativa de Rothfuss consegue ser ainda melhor que a de “O Nome do Vento”, a sua capacidade de incorporar as histórias contadas nas tabernas, nos livros, nas canções e principalmente no calor das fogueiras, faz com que se torne quase palpável a completa imersão do leitor nas histórias e lendas locais. A filosofia criada por Rothfuss é tão bem elaborada que se passa por real, as lendas do Grande Taborlin, ou a história do Garoto que roubou a Lua são fantásticas e especulativas, mas ao mesmo tempo, são como as nossas grandes epopéias gregas, que sempre transmitem uma lição, que sempre nos mostram a possibilidade de irmos além daquilo que sabemos. As criações lingüísticas de Rothfuss (Principalmente junto dos Ademrianos) são perfeitas, e a capacidade de eloqüência em suas falas, torna cada sentimento palpável através de cada página lida.
No decorrer da narrativa, a história de Kvote vai ganhando contornos interessantes, e devo admitir que sua saída da universidade foi algo que trouxe crescimento tanto para o personagem, como para a narrativa. Os interlúdios da história também deixam brechas interessantes para o desfecho da série, afinal Kvote além de sofrer ao contar as histórias, enxerga nelas todas as conseqüências que suas escolhas lhe proporcionaram. Tenho plena convicção de que o presente de Kvote ainda terá mais a nos revelar do que o seu passado.
Kvote é realmente um personagem em evolução. Sua transformação no decorrer dos dois livros da série nos apresenta um personagem em constante processo de lapidação, seja por força de vontade, ou mesmo pelas inevitáveis adversidades de sua vida.
Mas o maior mérito de Kvothe é ser orgulhoso demais para desistir daquilo que sempre almejou.
Talvez seu segredo consista em saber que não há mais nenhum lugar no mundo em que ele queira estar, e que a maioria das situações que ele viveu, muitas pessoas matariam pela simples menção de poder desfrutá-los.
Digo isso, porque quem não gostaria de ser um aluno fora do comum na maior instituição educacional de seu tempo? Quem não gostaria de cair nas graças de um mecenas tão rico quanto um rei? Quem não mataria para viver eternamente nos braços de Feluriana?! O mais irônico, e ao mesmo tempo belo, é que Kvote não faz nada disso por orgulho propriamente dito. Ele o faz para que o conhecimento e as oportunidades que aparecem em sua vida sofrível possam ser conhecidas, e principalmente, respeitadas. 
É assim que Kvote traça o seu destino: saboreando seus momentos com sabedoria, experimentando na própria pele o sabor que as lendas vivas guardam, e buscando entender a mente de um amor que é furtivo, distante, incompreensível, inesperado, frágil e belo.
Resumindo, a leitura é como no primeiro livro, extremamente agradável - e muita gente certamente chegará atrasado à escola, no trabalho e etc... por ficar lendo o livro até altas horas da madrugada.
Se você curte literatura fantástica e ainda não leu nada sobre a série, aconselho grandemente cancelar aquela compra do Cd, DVD, quadrinho, Toy Art, ou o que seja e adquira imediatamente este épico que ainda nos promete grandes, fortes e inimagináveis descobertas.

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